terça-feira, 12 de maio de 2009

3 anos

Já tinha mencionado, acho, que ele foi seguido até aos 2 anos no hospital onde nasceu, só apartir dessa altura, começou a ser seguido normalmente no posto médico da nossa zona.
Na última consulta no hospital, o pediatra encaminhou-o para o Otorrino, pois desde o nascimento ele sempre teve o ranho no nariz. Sempre. Ressonava muito por causa disso.
Fomos então à primeira consulta, e a dra disse-me logo que o problema dele, eram os adenóides. Depois do raio -x, ela disse-me que ele os tinha muito grandes e que como ele os tinha, não ia passar com a idade, por isso era inevitável ser operado.
Entrámos em lista de espera. Eu estava super ansiosa. Pois o Dani com 3 anos, poucas palavras falava e toda a gente me dizia que era por causa do nariz e dos ouvidos. E talvez por isso ele tivesse um comportamento tão agitado.
Com o nascimento da irmã, o Dani tornou-se insuportável. Não queria que eu pegasse na irmã, puxava-me, dizia-me que queria brincar. Estava constantemente a chamar-me a atenção.
fazia birras atrás de birras. Gritava imenso.
Tinha o sono muito agitado. Por vezes dormia umas 4/5 horas por noite. Não queria dormir na cama dele. Passava os dias a chorar.
Começou a ficar a chorar no infantário, porque me via a ir embora com a mana.
Foram uma série de situações, umas a seguir às outras, bastante complicadas que agora nem vale a pena recordar, mas foi muito complicado na altura.
Eu só pensava o que se passava com ele. Não entendia as coisas. O que se passava com o meu filho?
Comecei a andar preocupada. E sentia que algo estava errado.
Os amiguinhos dele, iam crescendo a olhos vistos, já falavam, já brincavam uns com os outros.
Vi muitas vezes programas sobre autismo. Não sei explicar o porquê, mas enquanto os via, sentia medo. Até tinha medo de pensar, mas algo cá dentro de mim me dizia, que era essa a solução. Mas eu fechava-me a sete chaves.
Com 3 anos já o Dani sabia contar até 20, conhecia as vogais, todas as cores, e para a idade dele, pintava desenhos muito bem. Passava muito tempo a pintar.
Interessava-se muito pela música e psicomotricidade, actividades extra-curriculares que tinha na escolinha.
A professora de música era muito cativante, e ele adorava-a. E ela dizia-me que ele tinha muita aptidão para a música, que adorava os instrumentos. Mesmo não falando bem, tinha uma memória muito boa, e bastava ouvir uma vez uma música, para decorar logo a letra, e cantava-a à maneira dele. Passava a vida a cantar.
Mas começaram os problemas. O comportamento dele era demais. Começou a haver queixas. Ele queria só a professora para ele, os instrumentos para ele.
Nas aulas de ginástica, passou-se a mesma coisa. Começaram as birras. Cada vez que a professora lhe pedia para fazer um exercício, ele não queria, depois já queria, quando já tinha passado a vez.
A professora sempre me disse que ele era um bocadinho descoordenado nos movimentos. Especialmente nos pés. Que isso talvez fosse falta de afecto. Acto que chorei todo o dia. Culpei-me a mim própria de não ser boa mãe. Ter um filho com falta de afecto? Como? Logo eu? Sempre fui tão carinhosa! sempre fiz de tudo! Mas entendia a professora. Tinha tido a segunda filha havia pouco tempo, e claro que os manos mais velhos sentem isso, e como já disse aqui, o Dani é uma criança que quer sempre mais e mais amor, afecto, carinho, nunca fica satisfeito, por isso muitas vezes deixa-te sem saber o que fazer.

1 comentário:

  1. Olá Claudia,

    sou mãe de uma menina autista e fizeste-me lembrar as palavras da educadora dela na altura em que se começou a desconfiar de algum problema. Ela disse-me que a Cathy teria um problema de falta de afecto e eu fiquei para morrer. Como era possível dizer uma coisa dessas a quem ama a filha mais que a vida?
    Só mais tarde compreendi que a falta de afecto era por parte da Cathy e não minha.

    bjs,
    Andreia

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