quarta-feira, 3 de junho de 2009

Dani a cantar

Noticias nossas

Por vezes é o tempo que não se tem, outras vezes é o não apetecer escrever. Ultimamente tenho andado assim.

Por cá temos aproveitado o bom tempo. Já fomos algumas vezes à praia. O Dani delira com a praia. Mal lá chega despe-se logo todo. Tenho de o lembrar que os calções de banho são para vestir :D

Já que no ano passado praticamente ele não pôde aproveitar a praia como devia de ser ( por causa da cirurgia aos ouvidos), agora é passar todo o tempo dentro de água de molho. Isso é que ele adora. Mergulha e pula e não se cansa de estar dentro de água. Não tem medo nenhum. Clar está que tenho de estar ali sempre ao pé dele, não vá ele fugir para longe e se atrapalhar com a água.
Mas as diferençassão notórias. A idade também é outra. Mas já conseguimos ter uns dias de praia calmos, sem gritaria e choros por tudo e nada! Só psicologicamente é tão bom!!
Sem dúvida que o Dani anda bastante calmo. Quase nem parece o mesmo!
E birras na escolinha e por tudo e nada, já há mais de um mês que não sei o que isso é!! Está mesmo bastante calmo. Não sei se será por causa do melhoramento da linguagem. A cada semana se notam grandes evoluções. A terapeuta da fala, a educadora estão super contentes. Ele já consegue exprimir o que sente através das palavras e isso para mim reconforta-me tanto!!! Era o meu sonho ele falar correctamente e acho que com o tempo ele vai lá!!
Vou deixar aqui um vídeo do dia da mãe, que o Dani me cantou uma música. Ele adora cantar e tocar instrumentos.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

4 anos

O comportamento do Dani começou a ser insuportável.
Em casa, as noites eram horrorsas. A hora de deitar eram às 9h da noite e ele pulava na cama, brincava, fazia tudo, só adormecia passadas umas horas. Eu já não sabia o que fazer. Ralhava com ele, mas ele não se calava. Depois levantava-se para fazer chichi (tirei a fralda aos 3 anos), depois queria água, depois queria conversar, depois queria beijinhos, era sempre assim, a arranjar desculpas.
Eu até pensava, que com o cansaço, ele dormisse até um bocadinho mais tarde. Mas qual quê! Cá no prédio o que vale, é que nem ligam. Mas apartir do momento em que o Dani acorda, toda a gente tem de acordar. Ele não sabe estar calado, ou falar baixinho. Nem sabe estar quietinho. É logo grandes berros a correr de um lado para o outro. Ora isso para mim, é do pior. Uma pessoa fica logo com uns nervos logo de manhã...
A única solução é acender a tv e deixá-lo estar a ver sossegado. Aí sim está queito e calado. Apesar de vez em quando dar uns pinotes no sofá.
Ora uma criança com 4 anos, já deve ter um pouquinho de compreensão.
Cada vez comecei a notar mais, que algo se passava. Mandva o Dani fazer certas coisas, e ele fazia que não era com ele.
A linguagem, era muito pouca.
Começámos a andar à procura de uma terapeuta da fala.
Finalmente recebemos a noticia da operação do Dani, aos adenoides!
Também para alegrar a situação estava novamente grávida.
E claro as inevitáveis comparações entre o Dani e a irmã. Têm dois anos de diferença e ela com dois anos já falava tudo, até ensinava o irmão em muita coisa. Tudo bem que os meninos e as meninas são diferentes, mas eram notórias as diferenças dos comportamentos.
Quando saíamos à rua, ele é que me dava preocupações. Continuava a fugir-me, a não querer dar a mão. Por vezes (ou quase todos os dias) eram birras desde casa até ao infantário. eui sempre disse que ele era muito chorão, mas nunca disse que ele a chorar, chora com uma força, que se ouve naoutra ponta da cidade. Por isso imaginem, nós todos os dias,de manhãzinha, no meio da rua, eu a ralhar para ele me dar a mão, e ele vá de chorar. e já se sabe que as pessoas ficam logo a olhar, e têm imensa pena da criança que chora.
Para não falar dele a mandar-se para o chão e a fazer-se de mole, e eu a dar-lhe uma valente palmada no rabo, para ele andar para a frente. E o sangue a ferver-me no corpo.
O Dani desde pequenino, por todas as birras e situações, sempre me conseguiu meter num estado de nervos quase irreal. Ele quase que nos cega.
Talvez quem leia isto, e tenha um filhote "perfeito", ficassem incrédula com o que escrevo. E ainda me dizia o que deveria fazer nestas situações. Pois é, às vezes tanta teoria, tanta coisa e na prática, se passassem por tudo o que passei, eu queria ver onde enfiavam as teorias.
E com o Dani, infelizmente, as coisas só funcionavam, com uma palmada. Ninguém se orgulha disso. Ele levava a palmada, mas era a mim que me doía, e havia dias em que quase me cruxificava, por achar que não devia de ser assim. Achava-me má mãe, por não o conseguir controlar. Não o entendia. Não sabia o que fazer.
É que as pessoas de fora, em vez de ajudar, só criticam.

terça-feira, 12 de maio de 2009

3 anos

Já tinha mencionado, acho, que ele foi seguido até aos 2 anos no hospital onde nasceu, só apartir dessa altura, começou a ser seguido normalmente no posto médico da nossa zona.
Na última consulta no hospital, o pediatra encaminhou-o para o Otorrino, pois desde o nascimento ele sempre teve o ranho no nariz. Sempre. Ressonava muito por causa disso.
Fomos então à primeira consulta, e a dra disse-me logo que o problema dele, eram os adenóides. Depois do raio -x, ela disse-me que ele os tinha muito grandes e que como ele os tinha, não ia passar com a idade, por isso era inevitável ser operado.
Entrámos em lista de espera. Eu estava super ansiosa. Pois o Dani com 3 anos, poucas palavras falava e toda a gente me dizia que era por causa do nariz e dos ouvidos. E talvez por isso ele tivesse um comportamento tão agitado.
Com o nascimento da irmã, o Dani tornou-se insuportável. Não queria que eu pegasse na irmã, puxava-me, dizia-me que queria brincar. Estava constantemente a chamar-me a atenção.
fazia birras atrás de birras. Gritava imenso.
Tinha o sono muito agitado. Por vezes dormia umas 4/5 horas por noite. Não queria dormir na cama dele. Passava os dias a chorar.
Começou a ficar a chorar no infantário, porque me via a ir embora com a mana.
Foram uma série de situações, umas a seguir às outras, bastante complicadas que agora nem vale a pena recordar, mas foi muito complicado na altura.
Eu só pensava o que se passava com ele. Não entendia as coisas. O que se passava com o meu filho?
Comecei a andar preocupada. E sentia que algo estava errado.
Os amiguinhos dele, iam crescendo a olhos vistos, já falavam, já brincavam uns com os outros.
Vi muitas vezes programas sobre autismo. Não sei explicar o porquê, mas enquanto os via, sentia medo. Até tinha medo de pensar, mas algo cá dentro de mim me dizia, que era essa a solução. Mas eu fechava-me a sete chaves.
Com 3 anos já o Dani sabia contar até 20, conhecia as vogais, todas as cores, e para a idade dele, pintava desenhos muito bem. Passava muito tempo a pintar.
Interessava-se muito pela música e psicomotricidade, actividades extra-curriculares que tinha na escolinha.
A professora de música era muito cativante, e ele adorava-a. E ela dizia-me que ele tinha muita aptidão para a música, que adorava os instrumentos. Mesmo não falando bem, tinha uma memória muito boa, e bastava ouvir uma vez uma música, para decorar logo a letra, e cantava-a à maneira dele. Passava a vida a cantar.
Mas começaram os problemas. O comportamento dele era demais. Começou a haver queixas. Ele queria só a professora para ele, os instrumentos para ele.
Nas aulas de ginástica, passou-se a mesma coisa. Começaram as birras. Cada vez que a professora lhe pedia para fazer um exercício, ele não queria, depois já queria, quando já tinha passado a vez.
A professora sempre me disse que ele era um bocadinho descoordenado nos movimentos. Especialmente nos pés. Que isso talvez fosse falta de afecto. Acto que chorei todo o dia. Culpei-me a mim própria de não ser boa mãe. Ter um filho com falta de afecto? Como? Logo eu? Sempre fui tão carinhosa! sempre fiz de tudo! Mas entendia a professora. Tinha tido a segunda filha havia pouco tempo, e claro que os manos mais velhos sentem isso, e como já disse aqui, o Dani é uma criança que quer sempre mais e mais amor, afecto, carinho, nunca fica satisfeito, por isso muitas vezes deixa-te sem saber o que fazer.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Peço desculpa, mas sem internet torna-se dificil!!

Que saudades de cá vir!!!
É uma chatice não puder escrever sempre que me apetece! E visitar-vos!!
Mas vou fazendo conforme me der jeito. A vida é assim mesmo.
O meu reguila Dani tem andado um bocadinho agitado. Um pouquinho a querer mandar, pois não acata as regras, normalmente. Assim que ouve um "Não" desata ao pontapé e murros a tudo. E nos dias piores até murros nele próprio dá.
Normalmnte é sempre assim após o fim-de-semana. Pois em não tendo a rotina de ir à escolinha, por vezes sente-se muito chateado. Ele adora lá estar. E ainda bem que assim é.
No mês passado fez um ano que foi operado às adenóides e meteu tubos nos ouvidos. As melhorias foram notórias de imediato.
Para variar, voltou a partir os óculos, só que desta vez não há arranjo possível! Lá terei de comprar uns novos...
Até já tinhamos vergonha de ir ao oculista, mais que uma vez por semana, para colocar os óculos funcionais!
A terapia da fala, duas vezes por semana estão a revolucionar o meu menino! Sente-se muito mais animado, por finalmente ser mais compreendido por quem o rodeia! Eu sinto-me muito mais aliviada!
Vamos ver como corre a semana!
Beijos!

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Sem net!

Eu peço desculpa, mas de momento estou sem net...
Mal possa volto para continuar a falar do meu tesourinho. E também para vos visitar e comentar.
Beijinhos grandes!

segunda-feira, 20 de abril de 2009

"Abre os olhos!"

Na semana passada aconteceu algo curioso, que eu me fartei de rir.
Por vezes esqueço-me que o Dani, como todos os Aspies, levam tudo à letra.
Numa das manhãs, sempre em correria. Disse ao Dani para ir buscar os óculos ao quarto. Ele para procurar coisas, nem sequer olha, diz logo que não sabe.
Eu digo-lhe:"Ó filho, abre os olhos, está ao lado da televisão!"
Ele, claro, não faz mais nada. Abre bem os olhos, bem esbugalhados e lá vai procurar os óculos. E lá ando de um lado para o outro, de olhos bem abertos.
Não pude evitar de soltar uma gargalhada, pois no fim, na minha cabeça, fez-se luz! O rapaz não perceb que é apenas uma frase, e não uma ordem.
Ele, olhava para mim, eu na risota,devia de estar a pensar que eu deveria ser maluca.

sexta-feira, 17 de abril de 2009

2 anos

O meu filho,entrou com um aninho no infantário onde hoje frequenta. Como já era habitual nele, nunca estranhou nada nem ninguém. Foi uma maravilha a adaptação dele.
Tive bastante sorte, pois o pessoal de lá são espectaculares e muito, mas mesmo muito pacientes!
Ele como faz anos em Fevereiro e as salas são conforme a idade, salas de um ano, dos dois e por ai fora, ele era sempre dos mais velhos na salinha, sempre o grandalhão.
Que me lembre, já nessa altura não ligava às outras crianças. Eu a principio nem achava estranho, nem nada. Mas realmente agora que viajo no tempo, havia miudos que vinham ter com ele, para brincar, fosse no parque ou assim, e ele não lhes ligava nenhuma. Eu até achava que era ele que não sabia brincar com eles, mas para ele, era como se ele estivesse no parque sozinho. Até tinha pena, pois uma mãe, gosta sempre que os nossos filhos tenham amiguinhos.
Ele gostava muito de brincar na areia do parque e de andar de baloiço. Ficava ali no mundo dele.

\Uma coisa boa que ele sempre teve (nem sei se é assim tão bom...) é deite-se a que horas se deitar, está a pé, sempre à mesma hora. Sempre foi madrugador. por isso às 7 da manhã já é habitual estar acordado. Isto desde pequenino. O que facilita na hora de vestir e de o levar à escolinha. Nunca houve aquelas birras do sono matinais.

Também nunca fez birra por ir para a escolinha. Nem se importava que eu me fosse embora. E à tarde quando o ia buscar, isto mesmo hoje, não se mostra nada efusivo por eu ali estar. Não corre para mim, nem sequer vem ter comigo. Confesso que fico um bocado triste, mas ele é assim mesmo. Porque sabe que assim que o vamos buscar, ele já não pode continuar a ver o DVD que estava a dar.
Aos 2 anos o comportamento do Dani, começou a ficar um bocadinho caótico.
Não sei se tinha a ver com o facto de termos mudado para uma casa nova, ou talvez por a gravidez da mana, que estava a acontecer.
O que é certo, era que os comportamentos dele, muitos gritos, muitas birras, muitos nãos, muita teimosia, davam comigo em maluca!
Começou a ficar muito agressivo, mesmo nas brincadeiras. Só mexia onde não devia. A nova mana era a desculpa para quase tudo, diziam na escolinha, diziam os médicos, até eu achei.
Nunca ligou nenhuma à minha barriga. Recusava-se a dar beijinhos, ou a mexer. Não queria saber. Preocupava-me. Ele já tinha dois anos e parecia não entender o que aquela barriga significava.
Eu achava que um menino de dois anos como ele, já deveria compreender muita coisa, ter algumas noções do que fazia. E não via isso no meu filho. Era extremamente bebé. Não percebia o que eu lhe dizia. Eu sentia-me confusa, pois por vezes achava que ele percebia, mas não ligava nenhuma.
Achava que ele se fazia de surdo, quando o chamava-mos 500vezes e ele nem respondia.
Pensava para mim, o meu filho é tão distraído...
Não tinha noções de perigo, apanhei tantos sustos com ele, sobretudo com cães. Ia de propósito meter as mãos na boca dos ditos. Não sei como, nunca aconteceu uma tragédia...
Nunca ligou nenhuma a carros, motas, essas brincadeiras que os meninos adoram.
Tinha carradas de brinquedos, mas não gostava de nenhuns. Não se entretia com nada.
Onde ele parava por completo, era a ver televisão. Começou a ser fã do Noddy. Era o Noddy para tudo.
Após o nascimento da mana, qaundo me foi ver à maternidde, pegou-me na mãe e dizia para me ir embora com ele. Não queria saber da mana.
Só começou a brincar com ela e a serem inseparáveis, quando ela também já sabia brincar com ele. Hoje são muito amigos e não vivem um sem o outro. Mas claro está, ele é sempre a vitima. Ela bate-lhe, morde-lhe e ele só chora e me faz queixas. Houve uma altura que lhe dizia para ele lhe bater também, para aprender a defender-se, mas não foi nada boa ideia, pois começou a bater demais na irmã e nos amiguinhos da escola. Agora digo-lhe, para dizer à mana ou aos amiguinhos que isso não se faz.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Um ano

O Dani andou no primeiro infantário até fazer um aninho. Toda a gente lá o adorava.Era muito bem tratado e muito mimado. Durante todo o ano lectivo, só havia 4 crianças naquele berçário e ele era o único menino, por isso era um galã!
Desde pequenino que o meu filhote sempre foi muito elogiado pelas pessoas. Sempre se meteram muito com ele, e ele sorria sempre para toda a gente. Não estranhava ninguém. Ainda hoje ele é assim. Diz "olá" a toda a gente, agarra-se a toda a gente. O que muitas vezes me deixa envergonhada.
Em pequenito adorava música. Queria era dançar. Mas isso acho que todos os miudos adoram e dançam. Mas para ele a música acalmava-o. E gostava de ouvir com o som bem alto.
O meu reguila começou a andar com 14 meses. Lembro-me como se fosse hoje. Já andava agarrado às paredes e a tudo, mas tinha medo e no dia em que fez os 14 meses, aventurou-se e deu os primeiros passos.E depois não queria outra coisa. Esteve ali a andar de seguida ainda uns tempos, depois começou só a cair, pois estava cansado. E desde esse dia, os meus dias nunca mais tiveram sossego :D
O rapaz já não parava um segundo, mesmo sem andar, depois então, já não dava conta dele.
Para sair à rua com ele, era um desassosego. Ele fugia-me a toda a hora. Não queria dar a mão. Tinha a mania que já era crescido.
As nossas idas ao médico, fosse no posto médico ou às urgências, eram um martírio. O rapaz não parava quieto na cadeira um segundo que fosse.
As brincadeiras dele, eram abrir e fechar as portas, vezes sem fim. Se fosse daquelas automáticas, melhor.
Ou então ir para a casa de banho abrir as torneiras todas e ver a água a correr.
Desde pequenito que sempre foi maluco pela água. Adorava tomar banho. assim que o tirava, para o vestir era um castigo. Chorava, tanto, mas tanto, que me enlouquecia.
Adora praia. Quer é estar enfiado dentro de água o tempo todo. Não tem medo nenhum.
E esteja onde estiver, seja inverno ou verão, seja hoje, ou no passado, seja praia, rio, charco, banheira, ele despe-se logo todo e apronta-se para se enfiar lá para dentro. Tenho de ter 4 olhos para ele e 4 braços.
Mas lembro-me que nas nossas primeiras semanas de praia, ele nem a sesta queria dormir, batalhava contra o sono. As pessoas achavam imensa piada a ele. Pois não queria usar cuequinhas e andava ele de piloca ao léu, muito branquinho, e com uns olhões lindos. E passeava-se por cada barraquinha, a falar com as pessoas, no seu chinês. E se estivessem a comer, melhor ainda, ia lá pedir um bocadinho.Eu sei que as crianças fazem isso, ele tinha um ano e meio, e claro não percebia, mas eu ao mesmo tempo que me ria, não deixava de ficar embaraçada.

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Os primeiros meses do Dani

Os primeiros meses do meu filhote em casa, a principio, não foram muito fáceis.
Era um bebé muito agitado. Chorava por tudo e por nada.
Durante o dia, se não estivesse ao pé dele, chorava. Se eu quisesse fazer alguma coisa, ele chorava. Não podia ir simplesmente ao W.C, ou tomar um banho, ele chorava até eu lhe voltar a pegar.
Era um bebé tão carente, que me deixava frustrada. Por mais atenção que lhe desse, por mais colo que lhe desse, por mais mimo que lhe desse, nada era suficiente para ele.
Se durante o dia não me deixava ter um segundo para mim, por vezes as noites, eram insuportáveis. Tinha dias que chorava toda a noite, e eu cansadíssima do dia, nem descansava à noite, andava tipo zombie.
Mas também haviam noites em que dormia desde as 8 da noite, às 8 da manhã.
Também ele tinha dificuldades em respirar, pois tinha o nariz obstruído. eu pensava que era constipação, mas aquele ranhito, não havia meio de o deixar.
Passámos meses na ginástica respiratória (que acabava comigo dia-a-dia.Chorava durante o aerossol e durante a ginástica, todos os dias) e sem haver resultados nenhuns. começaram a dizer que devia de ser do nariz.
Também fez alguns exames aos ouvidos e acusava sempre alguma coisa, mas como o nariz estava obstruído, diziam que estava tudo ligado.
Para ajudar, as conjuntivites e febres não nos largavam, todas as semanas.
Até um ano e meio, não houve nenhum mês em que o Dani não tenha tomado antibiótico e claro está, ido ao médico.
Quanto à alimentação, o Dani sempre foi uma criança que comeu muito bem. Bebia o biberão num ápice. Tenho mais dois filhos e não me lembro de eles terem sido assim.
Além de que nas papas, desde a primeira que até parecia que tinha comido papa toda a vida, a comida tinha de ser tipo de "enfiada", senão desatava num berreiro. E gostava de tudo. Qualquer alimento novo na alimentação, nem estranhava. Queria era comer. Até dava gosto de o ver comer. Ainda hoje ele é assim. Só recentemente, se tem queixado de algumas coisas que lhe fazem confusão no prato.
Não é de admirar que os médicos me chateavam a cabeça a toda a hora, a dizer que o rapaz tinha peso a mais para a idade...
Para ser sincera, eu sonhava com o dia que ele ia entrar no infantário, para poder sossegar a minha cabeça durante umas horas seguidas.
Entrou com 6 meses e foi uma maravilha. Pois era o único menino no berçário e tinha duas auxiliares todo o dia só para ele. Nunca estranhou nada e portava-se sempre bem, diziam elas. Ficavam maravilhadas ao darem-lhe as refeições.
Foi realmente o melhor que podia ter feito. Se ficasse mais um dia em casa com ele, acho que ia directa para o manicómio ao fim de uns dias.
Mas para compensar a melhoria do meu estado psíquico, começaram as chatices no local de trabalho.
Tinha duas colegas minhas, com os filhos mais ou menos da mesma idade que o meu, e era a inevitável a conversa sobre os nossos rebentos.
Além de que, como estava quase sempre doente, era rara a semana, eu faltava imenso ao trabalho. Até o patrão me chegou a dizer que já não aceitava mais justificações de médicos e etc.
Como em qualquer lado em que trabalham muitas mulheres, começa a competição entre os filhos, o meu faz isto, o meu come aquilo, o meu assim e assado.
Comecei a andar de rastos no trabalho, super desmotivada...Comecei a tentar não ligar, e a viver cada dia para o meu filho e pronto.
Afastei-me das amizades, saídas com amigas, nunca mais. Sentia-me bem assim. Ainda por cima tinha tirado a carta havia dois anos, e tinha comprado recentemente um carro, onde ia para todo o lado.
Em termos de evolução, achei que o Dani estava normal para a idade. Era mãe pela primeira vez, mas lia muito, e tinha aquele instinto maternal super apurado.
Começou a gatinhar com 7 meses, apesar de ser um chumbinho pequeno. Nada lhe escapava. Mexia em tudo. partia tudo à minha mãe. Nunca se entreteu a brincar sossegado. Nem 5 segundos. nada lhe interessava, nada o distraía.
também detestava sentir-se preso. Na aranha andava, corria pela casa toda, mas ao fim de pouco tempo berrava, já lá não queria estar.
As viagens na cadeirinha do carro eram um martirio. Ele chorava e bem, desde o principio da viagem ao fim.
Mesmo nos supermercados, eu sentava-o naquela cadeirinha dos carrinhos de compras e era um berreiro sem fim.
eu lembro-me de pensar para mim própria, que mal tinha feito a Deus, para ele ser assim tão chorão e irrequieto. Porque não ficava ali sossegadinho como os outros meninos? esgotava-me a paciência...
Já sentadinho, reparava que ele adorava brincar com as rodas dos carrinhos. Fosse o que fosse que tivesse rodas, virava o brinquedo ao contrário e rodava com os dedinhos as rodas, vezes sem fim.
Também comecei a reparar e achar estranho, que ele não palrava. Nunca palrou e eu achava esquisito. Sempre o estimulei, até bastante, mas não saía nada.
Disse a primeira palavra com um ano e meio, "papá" e "mãe" disse só com dois anos. Até essa altura falava parecia chinês, patapatippata, era sempre assim.

terça-feira, 14 de abril de 2009

Regressando ao passado

A gravidez do Dani, foi uma gravidez planeada, muito, mas mesmo muito desejada.
Correu sempre tudo bem.
No parto, apesar de ter sido parto normal, houve complicações. O Dani começou a entrar em sofrimento, e asfixiou durante o parto. Foi reanimado e foi logo para a incubadora. Nas horas seguintes teve convulsões.
Foi muito complicado. Pois numa gravidez que tudo corria tão bem, nem sequer nos passa pela cabeça, que algo vá correr mal. E custa tanto ter alta da maternidade e não trazer o nosso bebé para casa.
Ficou internado durante um mês. Ainda hoje me faz doer tanto o coração, essas lembranças.
Além de todos os problemas que já tinha tido, ainda teve uma infecção no sangue, o que o obrigava a levar intravenosas 3 vezes por dia.
Os meus dias eram passados desde as 8 da manhã, às 10 da noite sempre lá na Neonatologia, ao lado do meu bebé. Nem me podia mexer com tanta dor que sentia, devido ao parto. Tinha levado bastantes pontos. E até os rebentei. Mas não queria saber, só queria estar ao pé do meu filho. Almoçava e jantava no hospital, porque a enfermeira-chefe me recordava que o tinha de o fazer.
Quando à noite me tinha de vir embora, o meu coração ficava lá com o meu filho. Tinha tanto medo de não o ver no dia seguinte.
Assim que entrava no carro do meu pai, a viagem até a casa de 15 minutos, tornava-se insuportável. As dores no corpo eram demais. Parecia que estar ao pé do meu filho, as tornavam dormentes.
Chegava a casa e metia-me debaixo do chuveiro, para conseguir acalmar.
De manhã a primeira coisa que fazia, era telefonar para o serviço, a perguntar como tinha corrido a noite do meu menino. Quando elas me diziam que se tinha portado bem, o meu coração enchia-se de coragem e força e lá ia mais aliviada apanhar o comboio para o hospital.
Num dos dias que tudo corria bem, vejo o meu filho a ficar negro e as máquinas todas a apitar, as enfermeiras e os médicos acumularam-se ao redor da enfermeira-chefe, que prontamente o tinha retirado da incubadora e o virado de cabeça para baixo. Estava com uma paragem cardio-respiratória.
Nem sei descrever o que senti...ver tudo aquilo...acho que mudou a minha vida.
Finalmente ao fim de um mês, que me pareceu 10 anos, trouxe o meu menino para casa.
Por hoje fico por aqui. Vou contando aos poucos.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Olá!
Sou a Cláudia.
Sou a mãe de um menino de 5 anos, o Dani.
O Dani é o fruto de um grande amor, talvez eterno.
Desde tenra idade, que percebi que o meu filho talvez não fosse como os outros meninos. Conforme o tempo ia passando, mais sentia isso. E realmente o meu coração de mãe, não se enganou.
Apesar de me perder no caminho, também pelo desgaste, principalmente psicológico, arranjei novas forças para continuar a percorrer a estrada da vida, juntamente com o meu filhote. E na alltura em que mais precisei as portas foram-se abrindo. Realmente há pessoas fabulosas, nesta vida!
Não considero o meu filho nenhum deficiente, ou atrasado mental, com todo o respeito para com todos, simplesmente há pessoas um pouquinho diferentes umas das outras. E sinceramente se fossemos todos iguais a vida era uma seca.
Não digo que seja fácil ser mãe do Dani, mas ainda bem que o sou. Assim tenho o privilégio de ver a vida de outra maneira. Dá-se mais valor aos pequenos pormenores.
Sou uma mãe muito babada e faço tudo por os meus filhos, especialmente para os ver sorrir.
Decidi começar este blogue, para me ajudar a mim, principalmente. Preciso de falar do que sinto, dizer o que penso, os meus medos, as dificuldades do dia-a-dia, e obviamente falar das evoluções do Dani.
O meu filho tem Sindrome de Asperger e tenho o maior orgulho nele!