terça-feira, 14 de abril de 2009

Regressando ao passado

A gravidez do Dani, foi uma gravidez planeada, muito, mas mesmo muito desejada.
Correu sempre tudo bem.
No parto, apesar de ter sido parto normal, houve complicações. O Dani começou a entrar em sofrimento, e asfixiou durante o parto. Foi reanimado e foi logo para a incubadora. Nas horas seguintes teve convulsões.
Foi muito complicado. Pois numa gravidez que tudo corria tão bem, nem sequer nos passa pela cabeça, que algo vá correr mal. E custa tanto ter alta da maternidade e não trazer o nosso bebé para casa.
Ficou internado durante um mês. Ainda hoje me faz doer tanto o coração, essas lembranças.
Além de todos os problemas que já tinha tido, ainda teve uma infecção no sangue, o que o obrigava a levar intravenosas 3 vezes por dia.
Os meus dias eram passados desde as 8 da manhã, às 10 da noite sempre lá na Neonatologia, ao lado do meu bebé. Nem me podia mexer com tanta dor que sentia, devido ao parto. Tinha levado bastantes pontos. E até os rebentei. Mas não queria saber, só queria estar ao pé do meu filho. Almoçava e jantava no hospital, porque a enfermeira-chefe me recordava que o tinha de o fazer.
Quando à noite me tinha de vir embora, o meu coração ficava lá com o meu filho. Tinha tanto medo de não o ver no dia seguinte.
Assim que entrava no carro do meu pai, a viagem até a casa de 15 minutos, tornava-se insuportável. As dores no corpo eram demais. Parecia que estar ao pé do meu filho, as tornavam dormentes.
Chegava a casa e metia-me debaixo do chuveiro, para conseguir acalmar.
De manhã a primeira coisa que fazia, era telefonar para o serviço, a perguntar como tinha corrido a noite do meu menino. Quando elas me diziam que se tinha portado bem, o meu coração enchia-se de coragem e força e lá ia mais aliviada apanhar o comboio para o hospital.
Num dos dias que tudo corria bem, vejo o meu filho a ficar negro e as máquinas todas a apitar, as enfermeiras e os médicos acumularam-se ao redor da enfermeira-chefe, que prontamente o tinha retirado da incubadora e o virado de cabeça para baixo. Estava com uma paragem cardio-respiratória.
Nem sei descrever o que senti...ver tudo aquilo...acho que mudou a minha vida.
Finalmente ao fim de um mês, que me pareceu 10 anos, trouxe o meu menino para casa.
Por hoje fico por aqui. Vou contando aos poucos.

4 comentários:

  1. Olá Claudia,
    O nascimento dum filho à partida deve ser um momento de grande felicidade, mas às vezes as coisas não correm conforme planeamos. Imagino a sua dor ao ver o seu filho sofrer tanto e ter de deixá-lo no hospital. Doi muito ver um ser indefeso sofrer, devia haver uma lei divina que proibisse tal coisa!
    O meu filho, actualmente a um mês de fazer 7 anos, também foi muito desejado e planeado. Na gravidez tudo correu com normalidade até ao parto que foi uma cesariana urgente às 38 semanas dada a subida inesperada da minha pressão arterial (andava nos 170). Ele nasceu muito bem, um bebé saudável, com boa cor e bom peso (3,200 kg), fez as delícias de todos e nada indicava que aos 30 meses lhe fosse declarado autismo. Hoje é considerado Asperger pela equipa que o acompanha desde então. É um menino bem disposto e muito amigo do seu amigo. Às vezes falta-lhe um pouco de auto-controlo e desorganiza-se em situações de grande tensão/emoção.
    Venho também dar-lhe as boas vindas à blogosfera. Serei assídua. Bj.

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  2. Cláudia
    Foi um parto e um pós parto complicados o seu... Terá sido por isso que o Dani, ficou portador de SA, ou influenciou?!...
    No caso do meu filho, correu tudo normalmente, gravidez normal de termo certo, parto eutócico com episiotomia (corte cirúrgico feito na região perineal),indice de apgar 10, nenhuma complicação.
    Um bébé perfeito, que ainda hoje é um homem perfeito.
    Senti-me nas nuvens no pós parto, ter aquele ser maravilhoso, só houve um senão a mãe foi massacrada por mastites, só no 1ª mês foram 3, essa foi a nossa fase complicada a febre os caroços, mas como sempre não desisti não sei se bem ou mal, mas amamentei até aos 6 meses, foi um laço que eu não queria perder por nada. Mas não seiaté que ponto os antibioticos que ele ingeria no leite, o possam ter afectado?!... Foi conhecimento médico. Mas fico sempre na dúvida e ainda ele sofreu de obstipação crónica durante 7anos, foi sempre uma trauma para todos nós, esta obstipação, na minha opinião condicionou muito o desenvolvimento dele.
    Mas perante o seu quadro acho, que fui uma previligiada.
    Vá bjocas, e já sabe tem aqui um colinho xd

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  3. Olá Mrs Noris!
    Obrigada pela visita e pelo comentário!
    Um beijinho grande para o filhote.
    Acho que em cada história, achamos sempre (e temos a certeza) que há pessoas com histórias bem piores que a nossa e que somos previligiadas. Eu também sinto isso. Mas temos sempre a necessidade (pelo menos falo por mim) de desabafar.
    Realmente deve ter sido um grande choque ver que o seu menino que era um menino dito "normal" era autista.
    Mas acho que quem tem, tal como nós filhos especiais, tem muita sorte, e pode apreciar coisas na vida, que outras pessoas nem sequer sonham.
    E temos de nos ajudar umas às outras não é assim?
    E os nossos filhos são quase da mesma idade :D
    Um beijinho muito grande para si e que tudo corra bem. Certamente estaremos em contacto. É sempre bom trocarmos as nossas experiências.

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  4. Olá Mina.
    Esteja à vontade para me tratar por tu. :D
    Realmente o que tem de ser é muito forte. É o que eu penso.E é assim, fomos escolhidas para termos outro sentido na vida. Muito trabalho, muitas dores de cabeça, mas a vida é assim mesmo.
    Eu alargarei mais a minha história aos poucos, mas não me quero tornar chata e cansativa ao escrever. Na verdade, a nossa sede de desabafo é tão grande, que quando uma pessoa dá por isso, já está um post enorme. :D

    Quanto ao meu Dani. Teve um principio de vida não muito normal. Fez várias ecografias à cabeça, muitos exames, e nunca acusaram nada de anormal.
    Diziam que com o tempo se viria a evolução dele.
    O que é certo é que só há pouquissimo tempo foi diagnosticado. E foi tudo porque a psicóloga dele começou a identificar algumas caracteristicas.
    Do que me foi dito. É que é herditário, e que vem principalmente da parte do pai da criança.Não sei se é verdade ou não. O que sei é que realmente há casos na familia do pai do meu filho, um até bastante grave, o meu ex-sogro. E foi um associar de várias situações.
    o meu filho tem S.A da forma mais leve. E graças a Deus foi descoberto bem cedo. Agora vamos levando um dia de cada vez.

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